82 :: Uma Copa, 15 Histórias.
sábado, 27 de julho de 2013
sexta-feira, 5 de julho de 2013
O dia seguinte com João Saldanha
terça-feira, 2 de julho de 2013
A barganha impossível de Tom Correia
Só acreditei que o jogo tinha
acabado quando vi Júnior sair de campo, correndo pros vestiários. Eu não
conseguia controlar o choro, enquanto minha mãe dizia que era apenas um jogo,
tentando me acalmar. O pai, apático, era uma testemunha incrédula ao ver diante
de si outro pesadelo igual ao de 1950. No dia seguinte, cabisbaixo e perdido,
me sentei na porta de casa acariciando o meu cachorro da época. A rua estava de
luto e voltei a me deitar no escuro do meu quarto. Escrever Rebote foi uma forma de viver uma
fantasia, um meio lúdico e fugaz de transformar o passado. Sem a derrota não
haveria o livro e participar de "82" é uma honra. Mas eu trocaria
qualquer publicação pelo gol de empate, pelo título.
A profecia do amigo de Mayrant Gallo
Com o conto "O pintor de
paredes" tentei "apagar o vazio" que ficou em mim com aquela
derrota em julho de 1982. Me lembro bem: o jogo acabou, saí de casa, andei até
a rua e fiquei olhando de um lado a outro, por alguns minutos, completamente
desnorteado. E havia um agravante, na noite anterior um amigo havia me dito:
"A Itália vai ganhar". Ou seja, não sei, nem jamais saberei, se a
Itália venceria o jogo mesmo ou venceu porque o destino operou com aquela
predição.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Lembranças VI
Ilustração de Gonza Rodriguez para o livro de Falcão, Brasil 82 - O time que perdeu a Copa e conquistou o mundo, lançado no final de 2012.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
"82" • Resenha de Andreia Santana
Traumas de uma Copa difícil de esquecer
Sessão de exorcismo coletiva, nascida de um bate-papo entre amigos escritores em uma mesa de bar, 82 - uma copa e quinze histórias, usando doses generosas de ironia e humor negro, lava a alma até de quem não tinha idade para entender o significado daquela derrota do Brasil para a Itália, na malfadada Copa do Mundo de 1982. Nem precisa ser muito versado no complexo universo da bola para se deixar seduzir pelas histórias dos autores e para sentir, mais de trinta anos depois, a tristeza, decepção ou assombro da geração que julgava aquela seleção sob as lentas de aumento da passionalidade futebolística. Sim, meus caros, éramos aparentemente imbatíveis, mas perdemos!
A Copa do “Voa Canarinho” faz parte do imaginário coletivo nacional como uma das mais zebradas da história dos mundiais e os autores dos contos de 82 não perdem a chance de reforçar o mito. Embasbacados, fazem coro com toda uma nação para a pergunta que não quer calar: Como assim fomos derrotados? Mas o objetivo passa longe de encontrar a resposta ou analisar todas as probabilidades do que poderia ter sido feito para evitar a “tragédia”. Há uma certa resignação de Lei de Murphy, um maktub (palavra árabe que simboliza a inexorabilidade do destino) dos gramados. Certas histórias, inclusive, funcionam como epopeia às avessas, em que ao invés de narrar as glórias dos vencedores, desfia-se um rosário em honra dos fracassados.
Do menino que reproduz nos cadernos de desenho os personagens dos quadrinhos da Disney como um amuleto lúdico que protege os jogadores em campo, à prostituta brasileira que deu sorte a Paolo Rossi, o italiano que funcionou como carrasco do Brasil na fatídica partida; sem esquecer o motorista de táxi que destila sua mágoa pela derrota diante de um impassível passageiro, ou mesmo o matador de aluguel contratado pela máfia e que com uma bala teria mudado a história, todos os personagens das 15 histórias trazem aquela amargura típica de quem no fundo tem uma pulga agarrada atrás da orelha a sussurrar: “não vai ser dessa vez!”
A Copa de 82 não desbotou como as bandeiras pintadas no asfalto pela molecada de muitas ruas país afora. Ao longo dos anos, foi repassada em replay cada vez que o Brasil enfrentou a Itália em um jogo decisivo. Nas páginas da coletânea, a competição torna-se vívida e pulsante novamente, como se o leitor tivesse embarcado em um túnel do tempo. Como se meter o dedo na ferida e limpar todas as suas bordas, culmine na cicatrização. Quem era criança na época, relembra as caras de decepção e o choro dos adultos, um cigarro que ficou pendente no canto dos lábios, um grito de gol que morreu na garganta ou um verso do sambinha de Júnior.
Mais ainda do que repassar cada um dos lances dos jogos em que o Brasil goleou outros adversários, o livro traça um panorama dos anos 80 em toda a sua romântica rebeldia. E não ficam de fora decepções amorosas juvenis tão profundas quanto a derrota nos gramados. Cada personagem/narrador reconta o “sarriaço” a partir de uma ótica muito particular, associando o trauma coletivo da perda do Mundial aos seus pequenos dramas cotidianos.
E é justamente por isso que, embora devidamente limpa e curativada, essa cicatriz, de vez em quando, ainda faz cócegas e arde.
Fonte: Luz sobre a escrivaninha
The end
“Aquela partida nos deu a
convicção de poder vencer o Mundial, porque o Brasil era uma grande equipe,
técnica, forte em todos os setores. Nós não jogávamos tão bonito
quanto os brasileiros, mas éramos mais rápidos, eficazes e perigosos nos
contra-ataques”
Dino Zoff
quinta-feira, 27 de junho de 2013
O sucesso fatídico de Igor Rossoni
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Dirceu (1952-1995) jogou pela Seleção nas Copas da Espanha e da Argentina, onde recebeu o prêmio de terceiro melhor jogador do Mundial. Faleceu num acidente de carro no Rio de Janeiro. |
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“O dia depois de ontem” é mais história de
pequenas aflições interiorizadas que compõem a estória a partir do tema
especificado. Manifesta-se por repercussões interiores experienciadas pela
consciência atormentada de um personagem-narrador ao receber proposta para
escrever sobre sucesso fatídico do passado. Assim, se – aparentemente – pouco
se reporta a ele; jamais dele se afasta. Neste sentido, partindo de situação
específica e destinando-se à de natureza universal, a narrativa se ergue por
transmutações e amálgamas espaço-temporais; intenso monólogo interior; recursos
metalinguísticos; digressões e anacronias. Portanto, mais do que mera
representação de fato, busca-se – nele – a fome do sensibilizado fracasso,
performatizada em discurso literário.
Itália 1 X 1 Camarões
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